Quando alguém falece, experienciamos algo que nem nós conseguimos pôr por palavras. Essencialmente, sentimos dor, provocada pela egoísta razão de não podermos ser marcados por essa pessoa outra vez. Sentimos que parte o fragmento de nós que essa tal pessoa despertava. Choramos por saber que não existirão novas experiências que nos possam tocar. Mas aí está a questão que não conseguimos ver quando nos dão a notícia: há sempre novas histórias que eles nos podem contar mesmo quando já cá não estão.
Muitos foram influenciados ao ver os dribles e irreverência de Maradona. Era um ídolo nacional na Argentina porque havia levado o país a uma glória mundial. Era um ídolo no Nápoles por ter feito os adeptos sonhar e celebrar o campeonato italiano. E era também um ídolo de qualquer comum mortal que o visse jogar. Tenho a certeza de que vai influenciar muitos mais e também tenho a certeza de que, mesmo quem tenha visto todos os jogos dele, vá descobrir uma nova finta que o inspire.
O mesmo se passa com o "rei das subidas" que nunca precisou de um "grande" para o ser. Lembro-me de estar a falar com o meu avô há uns anos sobre quem seria o novo treinador do Barcelona após a saída de Luís Enrique. Na brincadeira, disse "Vai para lá o Vítor Oliveira". Por muito que fosse improvável, na minha cabeça não me soava descabido. Porque por cada adepto de um clube dito "pequeno" que via emocionado com a subida de divisão, por cada equipa dele que eu via jogar um futebol bonito em vez do "anti-jogo" ou do "mete o autocarro", sentia que ele podia fazer isso em qualquer lugar. Não chegou a fazê-lo no Barcelona, mas vai continuar a fazê-lo a muitos mais adeptos de futebol que oiçam a sua história, os seus feitos e a sua filosofia.
Já perdermos muitos ídolos, mas perder dois desta importância numa semana é pesado. Mas é importante não esquecer que, desde que se contem as suas histórias, eles irão marcar muitos mais, tornando-se assim imortais.
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