Pedro António Pereira Gonçalves. É este o nome em destaque no Sporting esta época. Por muito que Rúben Amorim não quererá que o Pedro leia isto (por me estar a focar numa individualidade e não no coletivo da equipa do Sporting), é importante reconhecer o mérito por um excelente trabalho em campo.
Só a alcunha já tem uma origem curiosa. Na sua primeira entrevista à Sporting TV, ele explica o surgimento da mesma: «Em pequeno era gordinho e fazia apostas com chocolates». Pode já não fazer apostas com chocolates (presumo eu), mas continua cheiinho, agora de qualidade.
Pedro é da formação do SC Braga, tendo depois passagens por Valência, Wolverhampton e, antes de chegar ao clube de alvalade, Famalicão. Sendo os famalicenses exceção, teve sempre passagens discretas pelos clubes por onde passou (esteve envolvido em três transferências, todas a custo zero). Já no Fama, Pote assumiu o papel de construção de jogo a partir do meio campo, tendo também conseguido alguns golos pelo caminho (7 golos e 8 assistências em 2019/2020). Isto foi (mais do que) suficiente para receber o prémio de melhor jogador jovem da Liga NOS na época 2019/20 e para atrair as atenções de Porto e Sporting, que acabou por ganhar a corrida.
A forma como Pote ingressou no Sporting causou logo alguma polémica. Não pelo o jogador, pois esse já tinha demonstrado bastante qualidade a época passada no Famalicão. Mas sim pelo negócio: 6,5M€ por 50% do passe. Isto causou polémica porque os leões, não estando nas melhores condições financeiras e por terem ainda várias dívidas a liquidar, estariam a oferecer essa quantia por metade do passe de um jogador, avaliando assim a totalidade do passe em 13M€ (na altura, o Transfermarkt avaliava Pote em 7M€).
Mas amigos, amigos, negócios à parte não é verdade? A verdade é que o rendimento de Pedro anda a encher as medidas aos adeptos dos "leões". Na pré-época, teve apenas um golo, mas quem via os amigáveis apercebia-se da sua classe e versatilidade, podendo jogar tanto a médio centro (como fez em 2019/2020), como a extremo num sistema de 3 centrais (como faz agora no Sporting). Após a pré-época, houve um surto de covid-19 no plantel de alvalade, tendo Pote ficado infetado. Falhou os jogos contra o Aberdeen e com o Paços de Ferreira. E, obviamente, quando voltou, não estava a 100% das suas capacidades. Contra o Lask Linz, nessa noite europeia fatídica em Alvalade, Pedro só jogou 23 minutos. No jogo seguinte, contra o Portimonense, também esteve relativamente discreto.
Mas, a partir do momento em que Rúben Amorim o coloca a extremo, contra o Porto, aí o Pote mostrou que estava cheio. Ele é um jogador que precisa de estar mais perto da baliza, e isso não retira em nada o seu papel na construção de jogo, porque este também o assume a partir de posições mais adiantadas. É um jogador que tem faro de golo, algo que não se pode desperdiçar. Em baixo, está um vídeo de um grande golo de Pote pela seleção sub-21, que exemplifica o que eu estou a dizer:
Mas voltando ao jogo com o Porto. Pote pode não ter marcado mas estava sempre a fazer grandes movimentos nas costas da defesa do Porto. Daí surgiram duas grandes oportunidades no final da primeira parte, uma que Pote falha o alvo e a outra que foi o lance do penalti anulado.
No jogo seguinte, contra o Santa Clara, o ketchup abriu. Desde aí foram 7 golos e 1 assistência em 4 jogos (vs Santa Clara, vs Gil Vicente, vs Tondela e vs Vitória SC) e 3 prémios de Homem do Jogo. Jogando a extremo, as coisas ficam facilitadas para Pedro.
Outro fator importante é Sporar. Dos 7 golos de Pedro, 6 foram com Sporar em campo. Ele pode não ter influência direta nos golos do português, mas as suas movimentações abrem espaços de tal forma, que a tarefa fica descomplicada. Com o falso 9 (normalmente Jovane) que RA testou ainda em alguns jogos, os jogadores mais avançados e com presença no ataque eram Pote e Nuno Santos. Pedro precisa de estar um pouco mais atrás, para ter mais liberdade movimentos e para ter chegada à área não de forma central e previsível como um ponta de lança.
Pela seleção sub-21, Pote tem 3 jogos (167´ jogados) e 2 golos. Já demonstrou que tem nível tanto na liga como por Portugal , sendo que uma convocatória para a seleção A não deve estar tão distante como isso.
O último grande feito de Pedro Gonçalves foi ter sido eleito, pelos treinadores da Liga NOS, como o melhor jogador (e melhor médio) do mês setembro/outubro. Algo totalmente merecido, tendo em conta as suas exibições recentes.
Como disse no início do texto, Rúben Amorim provavelmente não vai gostar que eu esteja a realçar uma individualidade do plantel do Sporting e não o coletivo. Mas, sendo o melhor marcador da liga com 7 golos, sendo o jogador do mês, e sendo o jogador da liga em melhor forma, era importante destacar que o mágico de alvalade "Petter Potter" veio para ficar.
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