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Foto do escritorJoão Blanco - Os Panenka

Porque rendem tão pouco os avançados do Sporting?


O Sporting CP foi campeão nacional e com a maior das justiças. Quem escreve isto é um sportinguista que não poderia estar mais feliz e orgulhoso do grupo. Após uma noite a celebrar a conquista do título, já mais a frio, pus-me a pensar sobre o jogo em si, o Sporting - Boavista. Só um nome me vinha à cabeça: Paulinho. Não só por ter marcado o golo do título, como também pelas algumas oportunidades claras de golo falhadas. Depois disso, reparei que o problema não era só de Paulinho, e que os três avançados que o Sporting usou regularmente esta época não obtiveram números por aí além. Estou a falar de Paulinho, Tiago Tomás e Šporar. Também Jovane foi utilizado nessa posição, mas acredito que o sub-rendimento do jogador, neste caso, tenha sido por não estar a jogar na sua posição natural. Mas afinal, porque é que os avançados do Sporting não têm números como tinham Bas Dost, Slimani ou Wolfswinkel?


Primeiro, vamos a alguns números dos três, referentes à Liga NOS 20/21.


Andraž Šporar

Era a principal referência ofensiva do Sporting no iniciar desta época. Apesar disso, a sua metade de temporada nos leões ficou marcada tanta por ótimas exibições, onde marcava e/ou abria espaços para outros marcarem, ou por horríveis prestações, manchadas por muitas oportunidades falhadas. De recordar que o avançado foi emprestado ao Braga em janeiro de 2021.

Algumas estatísticas:

- melhor média de participações para golo dos três a cada 90 min: 0,62. (TT tem 0,24; e Paulinho tem 0,4).

- é o que faz mais remates de bola corrida p/90 min: 2,6 (TT tem 1,9; e Paulinho tem 2,2).

- é o que menos remata após cruzamento p/90 min: 0,2 (TT tem 0,4; Paulinho tem 0,7)

- é, a par de Paulinho, o que menos concretiza ocasiões flagrantes, com uma eficácia de apenas 18% (TT tem 22%).

- é o que menos ganha duelos ofensivos, com uma eficácia de 23% (TT tem 26% e Paulinho tem 39%).

- é o que menos ganha faltas por jogo: 0,9 (TT tem 2,1; Paulinho tem 2,8).

- é o que menos dribla por jogo, a par de TT: 0,4. (Paulinho tem 0,6).

- é o que menos acerta passes p/90 min: 66,9% (TT tem 67,7% e Paulinho tem 70,6%).

- é o que acerta menos passes chave p/90 min: 0,5% (TT acerta 0,6 e Paulinho acerta 1).

Conclusões: Sporar não é um finalizador nato, longe disso. Pode ter a melhor média de participações para golo, mas também é o que tenta mais, baixando, portanto, a taxa de concretização. Também não ganha muitos duelos ofensivos, nem faltas, nem posição aérea para cruzamentos. Logo, não é um avançado muito "físico". Porém, as melhores exibições do Sporting na presente época (vs Tondela em casa; e vs Vitória SC fora) foram com ele a titular. Como se explica isto? Simples, é o que trabalha mais sem bola. É o que mais arrasta defesas com as suas desmarcações. Não é coincidência que a fase goleadora do Pote esta época tenha sido com Sporar a titular. No fundo, é o avançado que mais lança os extremos no ataque. E, como o sistema do Sporting também privilegia muito o ataque pelas alas, juntou-se a fome à vontade de comer.


Tiago Tomás

TT nunca foi considerado o avançado titular indiscutível da equipa do Sporting. Mas, ao reparar na falta de consistência de Sporar, Rúben Amorim apostou em TT em alguns jogos importantes (vs Benfica em casa, por exemplo).

E claro que não posso deixar de salientar a sua importância extra campo, sendo um dos que mais anima o balneário leonino.


Algumas estatísticas:

- pior média de participações para golo dos três a cada 90 min: 0,24. (Sporar tem 0,62; e Paulinho tem 0,4).

- é o que faz menos remates de bola corrida p/90 min: 1,9 (Sporar tem 2,6; e Paulinho tem 2,2).

- é o que mais remata após passe vertical p/90 min: 0,7 (Sporar tem 0,6; Paulinho tem 0,5)

- é o que mais concretiza ocasiões flagrantes, com uma eficácia de 22% (Sporar e Paulinho têm 18%).

- é o que menos dribla por jogo, a par de Sporar: 0,4. (Paulinho tem 0,6).


Conclusões: TT é o avançado mais versátil, tendo jogado várias vezes a extremo ao longo da época. Destacou-se sobretudo pela sua garra em campo e facilidade em segurar a bola. Apesar de segurar a posse sem dificuldades, muitas vezes não desequilibra tanto na ação seguinte, acabando por deixar essa tarefa para outro companheiro ou perdendo a bola. Mas isso é algo que se vai desenvolvendo com o tempo, e o Tiago ainda tem toda uma carreira pela frente. Também ganha muitas faltas, sendo que foi, durante muito tempo, o 2º avançado que mais ganhava faltas no último terço nas principais ligas europeias (apenas atrás de Neymar). Falta-lhe golo, de facto, mas tem tudo para se tornar num avançado completo num futuro próximo.


Paulinho

Paulinho chegou ao Sporting em janeiro por 16M€. Aquando da sua chegada, Rúben Amorim disse que este era o melhor avançado em Portugal. Tirando um período de lesão logo após a sua chegada, Paulinho sempre foi aposta regular do treinador do Sporting, apesar das críticas de alguns adeptos, que diziam que este tinha estragado as dinâmicas ofensivas da equipa.

Algumas estatísticas:

- é o que mais remata após cruzamento p/90 min: 0,7 (TT tem 0,4; Sporar tem 0,2)

- é, a par de Sporar, o que menos concretiza ocasiões flagrantes, com uma eficácia de apenas 18% (TT tem 22%).

- é o que menos remata após passe vertical p/90 min: 0,5 (Sporar tem 0,6; TT tem 0,7)

- é o que mais ganha duelos ofensivos, com uma eficácia de 39% (TT tem 26% e Sporar tem 23%).

- é o que mais ganha faltas por jogo: 2,8 (TT tem 2,1; Sporar tem 0,9).

- é o que mais dribla por jogo: 0,6. (TT e Sporar têm 0,4).

- é o que mais acerta passes p/90 min: 70,6% (TT tem 67,7% e Sporar 66,9%).

- é o que acerta mais passes chave p/90 min: 1 (TT acerta 0,6 e Sporar 0,5).


Conclusões: Se Sporar é o que trabalhava mais para a equipa sem bola, Paulinho é o que trabalha mais com bola. Apesar de no início estar um pouco alienado da dinâmica do Sporting (o que é normal para uma nova contratação), rapidamente se adaptou ao sistema. É o jogador (destes três) que mais oportunidades cria para os colegas e que mais faz circular a bola. Pelo balanço das faltas sofridas e duelos ofensivos ganhos, também percebemos que é o avançado mais "físico" deste lote.


Razões a nível coletivo

Já percebemos que cada um dos três avançados tem características específicas e que são muito diferentes entre si. Mas, ainda assim, todos têm algo em comum: poucos golos. Todos têm apenas 3 golos na liga esta época pelo Sporting. Porquê?

Uma possível razão, que já tinha mencionado ao de leve, é o foco do Sporting pelas alas. Pote, Nuno Santos e Jovane (entre outros) são dos que mais influenciam o ataque leonino. São os três melhores marcadores dos leões na Liga (Pote com 18 golos, Nuno Santos com 6 e Jovane com 5) e Nuno Santos e Pote são os que mais assistem no plantel (6 e 3 assistências, respetivamente).

Outra razão é que o Sporting não cria oportunidades por aí além, tendo um média de 2,9 oportunidades flagrantes por jogo. Sendo que a maior parte destas se destinam aos extremos, pouco sobra para o avançado centro.


E, por fim, a questão da taxa de concretização. Os três avançados apresentam uma muito baixa jogando pelo Sporting. Paulinho e Sporar que, se bem se recordam, são os que menos concretizam ocasiões flagrantes de golo (18% de eficácia), eram máquinas goleadoras nos seus clubes anteriores. O que aconteceu entretanto?

Lembram-se que o Sporting cria cerca de 2,9 oportunidades flagrantes por jogo? Desse número, 1,7 são golos falhados. Retirando os golos de Pote, Nuno Santos e Jovane, as oportunidades flagrantes que dão em golo p/jogo são 0,2! A falta de eficácia é, portanto, algo comum a toda a equipa. Aliás, a taxa de conversão de todos os remates do Sporting é apenas 16%. Óbvio que nesta estatística são tidos em conta remates de defesas que, em teoria, não têm de saber finalizar com tanta precisão (apesar de Coates até fazer subir este dado). Mas, facilmente se repara que a falta de eficácia é algo comum à maioria da equipa.


Conclusão

Nenhum avançado centro tem sido goleador com Rúben Amorim, porque nem é isso que é pedido. O pedido é o trabalho para a equipa e o foco nos extremos aquando da transição ofensiva. Obviamente que a taxa de concretização podia ser bastante melhor, mas, enquanto as outras características (criação de oportunidades, divididas ganhas, etc.) estiverem cumpridas, Rúben não deve ficar muito preocupado.


Nota: todas as estatísticas aqui apresentadas foram retiradas de plataformas como o GoalPoint, WhoScored e SofaScore.


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